Comissão parlamentar sofre retaliação diplomática: EUA limitam senadores a agenda oficial

O governo dos Estados Unidos passou a emitir visto estritamente para participação oficial a senadores brasileiros que viajam à capital americana na missão de discutir o “tarifaço” imposto por Trump. Essa categoria restringe o uso do documento exclusivamente para reuniões, negociações e eventos institucionais — o turismo está formalmente vedado pela regra de concessão.

Integrantes da delegação — formada por parlamentares como Nelsinho Trad, Jaques Wagner, Carlos Viana e Marcos Pontes — não podem legalmente visitar pontos turísticos ou realizar atividades além da agenda oficial no país. Ainda que a fiscalização seja branda, inclusive segundo fontes do Itamaraty que acompanham o grupo, a orientação é clara: não saiam da programação formal em um cenário de diplomacia tensionada.

A medida americana é vista como uma forma de controle político sobre parlamentares brasileiros, especialmente diante da escalada de tensões causada pelas tarifas de até 50% impostas por Trump, com impacto direto nos setores de aço, alumínio e produtos agrícolas exportados pelo Brasil. A restrição ocorre justamente enquanto os senadores negociam com autoridades do USTR, do Departamento de Estado e atores privados para aliviar os efeitos dessa retaliação econômica.

Essa postura dos EUA contrasta com movimentos recentes do Senado brasileiro, que aprovou sustar decreto que exigia visto para turistas dos EUA, Canadá e Austrália, em resposta à política de reciprocidade vigente no governo Lula — mas a diplomacia americana reagiu diferenciando status de visita entre diplomáticos e turistas comuns.

Especialistas críticos à medida apontam que ela reforça o padrão imperialista: enquanto buscavam dialogar sobre medidas que ferem a economia nacional, os senadores foram tratados como emissários, sem direitos civis de turistas — evidência de que, para Washington, soberania brasileira tem limite.

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