Bolsonaro tentou usar Temer para se aproximar de Moraes e mandou mensagens para Fux
Jogada desesperada de poder: Bolsonaro recorre a intermediários para se reaproximar de Moraes, enquanto tenta muscar Fux com mensagem institucional

Documento extraído do celular apreendido de Jair Bolsonaro pela Polícia Federal, em maio de 2023, revela que o ex-presidente salvou um número antigo de Alexandre de Moraes — ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator da ação por tentativa de golpe de Estado — e tentou intermediadores como Michel Temer para retomar contato com ele. As tentativas foram frustradas porque Bolsonaro continuava a atacar publicamente o magistrado.
E isso não foi tudo: duas mensagens foram enviadas ao ministro Luiz Fux no dia 1º de maio de 2023, apenas dois dias antes da operação da PF que apreendeu o celular. As mensagens vieram por lista de transmissão e incluíam um vídeo da Agrishow — evento do agronegócio — com a legenda:
“Obrigado meu Deus… Ribeirão Preto/SP. 01/maio/2023. Agrisho. [sic]”
Fux não respondeu e não há registros de conversa continuada. A relação se limitava ao plano institucional.
A ação ocorreu exatamente enquanto Bolsonaro era investigado na Operação Contragolpe, acusação formal por tentativa de golpe de Estado e organização criminosa, com base em articulação para manter-se no poder mesmo após derrota eleitoral.
Enquanto isso, o ministro Fux tem adotado posição divergente de Moraes nos julgamentos envolvendo o ex-presidente, particularmente na questão da tornozeleira eletrônica — Fux votou contra a imposição, assumindo abordagem menos punitiva, mas nada condescendente — sinalizando uma postura de independência institucional do STF.
A defesa de Bolsonaro e o STF foram procurados, mas ambos não se manifestaram oficialmente até o momento. A revelação suscita inquietação: por que tanta pressão informada num celular logo antes da operação? E que interesse haviam nas intenções de Bolsonaro ao tentar se reaproximar de dois ministros-chave da Corte?