Redação

Com críticas veladas a Bolsonaro, Mourão afirma que a derrota de 2022 e os desdobramentos judiciais seriam evitados caso tivesse permanecido na chapa. No entanto, suas alegações não afastam seu protagonismo no governo, nem alteram os fundamentos legais que sustentam o processo em curso. Sua estratégia de autopromoção revela mais sobre a crise interna do bolsonarismo do que sobre qualquer mérito político real.

O senador Hamilton Mourão (Republicanos‑RS), vice‑presidente entre 2019 e 2022, declarou em entrevista à Folha de S.Paulo que, se fosse mantido na chapa presidencial de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, o ex-presidente “não estaria nessa situação” e teria sido reeleito. Mourão afirma que sua substituição por Walter Braga Netto prejudicou o desempenho eleitoral que culminou na derrota nas urnas.

Ele disse que, ao ser afastado do núcleo de poder em 2021, foi excluído de reuniões ministeriais e ignorado nas principais decisões. Segundo Mourão: “quando Bolsonaro escolheu, não quis mais que eu fosse o vice dele, ele deixou de me chamar para reunião ministerial, eu não participei de mais nada… se eu tivesse sido o candidato a vice dele, nós teríamos ganho”.

Mourão também afirmou que, se sua permanência como vice tivesse sido mantida, não existiria a investigação judicial sobre uma suposta tentativa de golpe articulada por Bolsonaro e Braga Netto contra o STF. Ele garantiu que “nada, não tinha acontecido nada, estava todo mundo feliz da vida”, ironizando a crise política que se seguiu.

O general da reserva foi citado como testemunha no processo que investiga os atos antidemocráticos de 2022, mas não é réu na ação. Ele destacou sua discriminação dentro do governo, mantendo vínculos com Braga Netto mesmo após o afastamento institucional. Esse general está preso há mais de sete meses por suposta tentativa de golpe.