Discurso oficial do Brasil, apresentado pelo Itamaraty, denuncia uso político de tarifas; íntegra divulgada na tarde desta quinta.

Genebra / Brasília, 24 de julho de 2025 – O governo Lula levou o debate sobre as tarifas americanas à Organização Mundial do Comércio (OMC), acusando os EUA de utilizarem barreiras comerciais como ferramenta coercitiva e fora do jogo multilateral. A fala foi proferida por Philip Fox-Drummond Gough, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, numa sala lotada de diplomatas.

O discurso, compartilhado integralmente pelo Itamaraty, afirma:

“Tarifas arbitrárias, anunciadas e implementadas em forma de caos estão desestruturando as cadeias globais de valor e correm o risco de lançar a economia mundial em uma espiral de preços altos e estagnação. São uma violação flagrante dos princípios fundamentais da OMC, como a não discriminação e o tratamento de nação mais favorecida. Além disso, essas medidas ignoram completamente o sistema multilateral de comércio e ameaçam a previsibilidade jurídica dos negócios internacionais.”

“Como uma democracia estável, o Brasil tem firmemente enraizados em nossa sociedade princípios como o Estado de Direito, a separação de poderes, o respeito às normas internacionais e crença na solução pacífica de controvérsias.”

O posicionamento brasileiro recebeu apoio de cerca de 40 países — entre eles membros do BRICS, União Europeia, Canadá e Austrália —, que concordaram em condenar as tarifas dos EUA como medidas contrárias ao sistema de comércio baseado em regras.

Em paralelo, o presidente da Comissão de Comércio Internacional do Parlamento Europeu, Bernd Lange, declarou que há discussões em curso sobre a possibilidade jurídica de expulsar os EUA da OMC, em razão de bloqueios frequentes ao mecanismo de apelações e atraso no pagamento de quotas, além de uso político deliberado das tarifas.

A ofensiva diplomática brasileira reforça a mensagem: não há retorno à submissão. O país anunciou que seguirá apostando no diálogo e na negociação, mas não hesitará em acionar os mecanismos da OMC caso não haja recuo rápido por parte de Washington. O discurso completo, divulgado pelo Itamaraty, simboliza a nova postura soberana do Brasil diante de pressões internacionais.

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