Motta enfrenta pressão bolsonarista e mantém suspensão das comissões
Presidente da Câmara defende legalidade da medida e barra tentativa de criar palanque político para Bolsonaro

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos‑PB), resistiu à ofensiva bolsonarista e ratificou a suspensão de todas as sessões de comissões parlamentares durante o recesso. Motta revelou parecer jurídico interno que garante sua autoridade, mesmo em sua ausência física em Brasília, e sustenta que a decisão está em total conformidade com o regimento interno da Casa.
A medida, atacada com veemência por líderes do PL, foi descrita por Motta como “juridicamente segura” e amparada por normas que mantêm plenos poderes ao presidente da Câmara. A suspensão permanecerá em vigor até 1º de agosto, reforçando o caráter institucional da decisão.
Aliados de Bolsonaro tentaram usar as comissões como estratégia para criar palanques oficiais em defesa do ex‑presidente — em especial para questionar o controle judicial sobre sua tornozeleira eletrônica. Com o veto de Motta, foi neutralizada essa tentativa de transformar o Legislativo em extensão da campanha midiática bolsonarista.
O episódio expõe o embate entre um Legislativo que busca seguir regras e conter abusos e uma direita radical que insiste em instrumentalizar instituições para perpetuar a narrativa de golpe. Ao se manter firme, Motta assume papel crucial para frear a escalada de retaliações e resguardar o equilíbrio do processo democrático.
A crise segue sendo combustível para mobilizações bolsonaristas previstas para início de agosto, mas a reação de Motta mostra que nem todas as frentes salutarão o uso do Parlamento como palco político. No momento em que as instituições vacilam, decisões técnicas e responsáveis como esta fortalecem o Estado de Direito e empoderam a resistência contra o autoritarismo.