Brasil bate recorde nas exportações de soja para a China em junho
Aumento histórico evidencia força produtiva nacional, mas traz alerta sobre vulnerabilidade econômica

A China estabeleceu em junho um novo recorde histórico ao importar 12,26 milhões de toneladas de soja — um salto de cerca de 10 % em relação a junho de 2024 —, segundo dados alfandegários. Desse total, impressionantes 10,62 milhões de toneladas — ou 86,6 % — tiveram origem no Brasil, consolidando o país como líder absoluto nas exportações de soja.
O desempenho brasileiro reflete uma colheita robusta da safra 2024/25: comparecimento de mercado combinado com tensões comerciais entre China e EUA, que beneficiam os embarques brasileiros enquanto reduzem os norte-americanos. As remessas norte-americanas, por sua vez, totalizaram apenas 1,58 milhão de toneladas — uma participação modesta de cerca de 13 % no volume importado pela China.
Analistas ressaltam que essa concentração pode ser vantajosa no curto prazo, mas desvela fragilidade estrutural. A excessiva dependência do mercado chinês torna o agronegócio brasileiro vulnerável a choques comerciais, variações cambiais e eventuais mudanças na política chinesa. Além disso, essa realidade lança um alerta à necessidade urgente de diversificar mercados e melhorar autonomia na gestão de insumos agrícolas.
O saldo acumulado nos seis primeiros meses de 2025 também reflete essa dinâmica: 49,37 milhões de toneladas importadas pela China, um aumento modesto de 1,8 % em comparação ao mesmo período do ano anterior. Projeções apontam que os embarques permanecerão elevados durante julho e agosto, exigindo cautela diante das flutuações do mercado global.