Presidente rebate ataque diplomático, ironiza proximidade entre Trump e Bolsonaro e reforça que “não é um gringo que vai dar ordens” ao Brasil

O duelo diplomático entre Brasil e EUA ganhou mais um round mordaz. O presidente Lula ironizou o fato de Donald Trump ter afirmado ontem que “conhece, mas não é amigo” de Jair Bolsonaro — e aproveitou para recordar quem realmente manda em Brasília: “Além de dizer que não era amigo, o Trump ainda pediu para não mexermos com o Bolsonaro. Mas nós não aceitaremos ordens de nenhum gringo”, disse ele, na abertura do 60º Congresso da UNE, em Goiânia.

Com ironia sutil, Lula desvelou a tentativa de Trump de se colocar como árbitro da política brasileira sob o pretexto do tarifaço de 50%. “Não é um gringo que vai dar ordem para este presidente da República”, repetiu, numa clara demonstração de soberania.

A fala se soma ao discurso do líder petista na CNN Internacional, em que recusou o papel de refém diplomático e reafirmou que o Brasil negocia por vias oficiais. “Ninguém quer romper, queremos liberdade — mas não ser refém dos EUA”, declarou com firmeza.

A tensão nasce das ameaças de Trump — riscos de tarifação massiva e intrusão em processos internos como os do STF — e Lula não se intimidou: “Carta sim, mensagem oficial sim. Ordem, não!”, frisou. O recado deixou claro que, para o Brasil, respeito não é favor — é condição.

Essa postura se insere no enfrentamento mais amplo que Lula adotou desde o início da crise: taxar big techs americanas, fortalecer o Itamaraty e equiparar o tratamento a qualquer ingerência externa. Para ele, a retórica de Bolsonaro com Trump expõe dependência e fragilidade, enquanto ele aposta na autonomia diplomática.

O spin político é certeiro: enquanto Lula reafirma a força institucional do Estado, Bolsonaro aparece ainda mais refém de Trump — um estrangeiro que diz conhecê-lo, mas não confia nele. É o retrato de uma nova disputa por protagonismo no mapa político internacional brasileiro.

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