Ex-presidente encara oposição oficial e empresários, classificando a tarifa dos EUA como medida isolada, não afronta ao Brasil

Em pronunciamento nesta quinta-feira (17), Jair Bolsonaro adotou tom desafiante ao reagir à tarifa de 50% imposta pelos EUA às exportações brasileiras que começa em 1º de agosto. Ele afirmou que “não tem ataque à soberania nacional” nessa medida, contrariando a posição do governo Lula e de entidades do setor produtivo, que enxergam retaliação política encoberta por normas econômicas.

Segundo Bolsonaro, outras nações também enfrentam tarifas, como Índia, que, ao contrário do Brasil, está negociando. “O Brasil está ficando isolado; quando falamos de soberania econômica, vamos ficar só nós e a China, dependente da China”, alertou, apontando fragilidade no posicionamento brasileiro.

O ex-presidente reforçou que já negociou diretamente com Donald Trump em 2019 e conseguiu reverter tarifas sobre aço e alumínio. Ele disse estar disponível para uma nova audiência com o presidente americano, mas ressaltou que não possui liberdade nem passaporte válido para tal missão.

A declaração ocorre em momento de crescente pressão do governo Lula, que insiste na necessidade de negociação diplomática antes de qualquer retaliação, combinada com forte reação de grandes empresários e federações industriais. O Itamaraty e setores estratégicos reforçam que soberania não se negocia .

Essa tentativa de minimizar o tarifão sinaliza esforço do bolsonarismo em recuperar iniciativa política. Mas tensiona ainda mais a discussão institucional: Bolsonaro questiona tática – soberania “não está em jogo” –, enquanto Lula e setores organizados afirmam que o ataque americano visa ajustar o tabuleiro político brasileiro a favor de interesses privados externos.

O posicionamento comove o debate eleitoral: Jair busca capitalizar seu perfil internacional, mas enfrenta críticas de que está descolado da defesa nacional e do empresariado. As próximas semanas serão decisivas para saber se a postura dele encontrará eco no Congresso e na opinião pública.

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