Trump não foi eleito “imperador do mundo”, afirma Lula em entrevista à CNN Internacional
O presidente Lula rebateu o “tarifaço” de Trump, avisou que recorrerá à OMC e avisou: “Se nos cobrarem 50%, cobramos 50% de volta” — sem recuar diante do “imperador” dos EUA.

Em entrevista concedida na manhã desta quinta-feira (17) à jornalista Christiane Amanpour, da CNN Internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou um duro recado a Donald Trump em meio à escalada do “tarifaço” anunciado pelos Estados Unidos: “Trump não foi eleito para ser o imperador do mundo”, declarou Lula, enfatizando que o líder norte-americano foi escolhido para governar os EUA – não para impor sua vontade globalmente.
Segundo Lula, a surpresa foi dupla: o teor da tarifa — que prevê imposto de 50% sobre os produtos brasileiros — e a forma abrupta como foi comunicada, via carta divulgada em redes sociais sem diálogo prévio entre os governos. “Achei que fosse fake news”, confessou o presidente, ao comentar que a primeira resposta partiu das redes e não da diplomacia tradicional.
Lula reforçou que o Brasil mantém relações históricas próximas aos EUA e continua aberto ao diálogo, mas deixará claro que não aceitará imposições nem será tutelado. Na entrevista, afirmou que pretende recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) e à recém-regulamentada Lei da Reciprocidade Econômica. A carta de resposta do vice-presidente Geraldo Alckmin e do chanceler Mauro Vieira, enviada em 16 de maio, formalizou a indignação brasileira, mas ainda não teve retorno da Casa Branca.
O tom adotado por Lula é de mão estendida, mas firme. Ele garantiu que fará pronunciamento em rede nacional às 20h30 (horário de Brasília), reforçando a ampliação dos canais de negociação, mas também a disposição para medidas de retaliação, caso necessário .
A declaração ocorre em contexto de atrito crescente com a segunda presidência de Trump, marcada por política externa agressiva e tarifas unilaterais que afetam diversos parceiros comerciais, como China, Canadá e México.