Encaminhamento diplomático dá fôlego ao governo Lula, mas tática ultranacionalista de Trump segue à espreita

O encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, sinalizou nesta quinta-feira (17/07) que há margem para postergar a aplicação da tarifa de 50% anunciada unilateralmente por Donald Trump, prevista para 1º de agosto.

Em reunião de cerca de 40 minutos com o senador Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso, Escobar admitiu que o “tarifaço” pode ser revisitado. Randolfe reforçou que Eduardo Bolsonaro, que se autoexilou nos EUA, “não fala em nome do parlamento brasileiro”, e o encontro também contou com apoio da Câmara e do Senado, que condenam ataques do bolsonarismo às instituições.

A pressão por um adiamento ganhou força com apoio do agronegócio: Jorge Viana, da ApexBrasil, defende o adiamento de 90 dias como tática estratégica para manter contratos e expor o radicalismo de Trump. Alinhado a Lula, o setor produtivo vê na postergação uma oportunidade para negociar termos antes que a guerra comercial se intensifique.

Por outro lado, o governo brasileiro segue “de portas abertas” para um acordo diplomático, amparado pela recém-aprovada Lei da Reciprocidade — que garante resposta equivalente se as tarifas forem mantidas. Ao mesmo tempo, cresce a pressão popular: protestos em São Paulo queimaram bonecos de Trump, sob gritos de “traidor” e repúdio à ingerência.

Este movimento diplomático pode representar a primeira vitória da resistência contra as sanções unilaterais de Trump. Mas a tensão segue no ar: o anúncio abrupto da tarifa, amparado por uma carta que tentou interferir no processo judicial contra Jair Bolsonaro, continua alinhada à escalada autoritária do ex-presidente norte-americano.

O governo Lula tem agora uma janela estreita para agir: articular apoio global, fortalecer laços com a OMC e rebater com firmeza no plano político e econômico. Um adiamento do tarifaço não é solução final, mas cria um espaço crucial para defender a soberania, preservar empregos e denunciar esse ato de imposição imperialista que visa favorecer uma facção político-eleitoreira em Washington.

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