Alckmin recebe grandes empresas dos EUA e afirma ter apoio para reverter tarifaço de Trump
Vice-presidente diz que gigantes como Coca‑Cola, Amazon e GM estão unidos ao Brasil contra a sobretaxa de 50%.

O vice‑presidente e ministro da Indústria, Transporte e Comércio, Geraldo Alckmin, reuniu-se nesta quarta-feira (16), em Brasília, com executivos das maiores empresas norte‑americanas para debater o controverso “tarifaço” de 50% anunciado por Donald Trump sobre produtos brasileiros.
Segundo Alckmin, multinacionais como Coca‑Cola, Amazon, Johnson & Johnson, John Deere, Corteva, Cargill, Dow e General Motors manifestaram preocupação com a medida, que começa a valer em 1º de agosto. Ele destacou que muitas delas operam há décadas no Brasil – a GM há 100 anos, a J&J por 90 anos e a Caterpillar por 70 – e que exportam produtos brasileiros para os EUA.
O vice‑presidente ressaltou ainda o apelo conjunto da Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil) e da US Chamber of Commerce, que publicou nota pedindo negociações de alto nível para suspender ou reverter as tarifas. “Se cair o comércio, os EUA vão perder. Não tem lógica essa tarifa”, afirmou o vice‑presidente.
Na mesma ocasião, Alckmin comentou a investigação anunciada pelo Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) sobre possíveis práticas desleais do Brasil em comércio digital, etanol, desmatamento e Pix. Ele minimizou o processo, afirmando que já enfrentaram questionamentos semelhantes no passado, foram explicados e encerrados. “O Brasil vai explicar de novo”, disse, citando como exemplo o sucesso do Pix e a queda no desmatamento.
O esforço diplomático tem respaldo do governo brasileiro: em carta datada de 16 de julho, Itamaraty e MDIC expressaram “indignação” com a sobretaxa de 50%, alegando que ela prejudicará setores essenciais dos dois países e ameaçará uma relação comercial histórica de dois séculos. O documento enfatizou que, nos últimos 15 anos, os EUA acumularam déficit de cerca de US$ 410 bilhões no comércio com o Brasil, e pediu resposta formal para proposta brasileira de negociação.
A ofensiva de diálogo segue com a mobilização do setor privado nacional, que se prepara para conversar diretamente com importadores nos EUA, na tentativa de sensibilizar também o consumidor americano sobre os impactos econômicos da tarifa.