EUA usam pretexto da “pirataria” para atacar o comércio popular — e intensificar retaliações políticas contra o Brasil.

A Rua 25 de Março — símbolo vivo do comércio popular em São Paulo — foi escolhida como alvo central das retaliações tarifárias dos Estados Unidos. O Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) divulgou um relatório acusando a região, além do Brás e Santa Ifigênia, de “um dos maiores polos de venda de produtos falsificados do mundo”.

Apesar do tom moralizante, a medida tem rosto político. O anúncio das tarifas foi feito logo após a condenação de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. E o discurso norte-americano mistura propriedade intelectual, comércio digital e etanol — revelando que os EUA transferem, para o Brasil, sua própria guerra econômica sob o verniz da legalidade.

A narrativa oficial dos EUA esconde um ataque ideológico: criminalizar o comércio popular como se fosse atividade ilícita, enquanto se ignora seu caráter social e a economia informal que sustenta milhares de famílias. A Univinco25, entidade representante da região, expôs que pelo menos 3 mil lojas são legalizadas e fiscalizadas — e que tratar toda a rua como “polo de pirataria” é distorcer uma realidade complexa.

Não é a primeira vez. Em janeiro, a 25 de Março já havia sido mencionada no relatório anual da USTR. Mas agora, o discurso foi escalado em meio a uma ofensiva diplomática: reivindicar soberania comercial enquanto empurra o Brasil para se ajoelhar aos interesses econômicos e geopolíticos dos EUA.

O roteiro é típico do imperialismo: usar alegações ambientais e contrafações como cortina de fumaça para impor barreiras protecionistas, criminalizar setores populares e minar a autonomia nacional. Nesse contexto, a retórica contra o desmatamento e o comércio digital serve de casca para uma retaliação bem mais política .

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