Em depoimento no STF, ex-presidente rejeita acusações, minimiza atos de 8 de janeiro e responsabiliza supostos “coitados” manipulados.

Nesta quinta-feira (16 de julho de 2025), o ex‑presidente Jair Bolsonaro, réu no inquérito da trama golpista, prestou depoimento à Primeira Turma do STF e rejeitou com veemência as acusações de tentativa de golpe de Estado. Ao rebater as alegações da PGR, ele questionou: “Que golpe é esse? Sem tropas, sem armas, sem Forças Armadas, sem nada”, enfatizando que seus apoiadores nas ruas seriam meros coitados manipulados pela narrativa oficial.

Bolsonaro voltou a afirmar que todas as ações por ele sugeridas estariam dentro das “quatro linhas da Constituição” e se disse arrepiado com o uso do termo “golpe”, minimizando os atos de 8 de janeiro de 2023: “Mil e quinhentas pessoas, pobres coitados… não foi encontrada uma arma de fogo com essas pessoas”. Ele ainda usou tom irônico e crítico para desqualificar as provas apresentadas.

O ex‑presidente admitiu que discutiu “possibilidades” com chefes militares após a eleição, mas negou qualquer plano golpista e pediu desculpas ao ministro Alexandre de Moraes por eventuais exageros. Também classificou como “malucos” os setores mais radicais dos apoiadores que pediam AI‑5 e intervenção militar.

Enquanto isso, a Procuradoria‑Geral da República finalizou suas alegações, pedindo a condenação de Bolsonaro e outros sete réus por crimes como organização criminosa armada e golpe de Estado, com expectativa de julgamento entre agosto e setembro deste ano.

O depoimento faz parte de um inquérito que envolve cerca de 30 pessoas, incluindo assessores, auxiliares e militares, com a defesa ainda tendo prazo para apresentar suas manifestações. Nesta quarta (16), apenas cinco das 29 testemunhas arroladas para depor já foram ouvidas.

Bolsonaro retomou o discurso de vítima e acusou parte do Judiciário de “justiçamento”. Ao recorrer à imagem dos manifestantes como “coitados”, busca reforçar sua narrativa de perseguição política, com clara estratégia para galvanizar sua base antes de um eventual retorno ao cenário nas eleições de 2026.

O processo avança com acareações e mais depoimentos — a fase de instrução continua até os próximos meses, com o julgamento final projetado para ainda em 2025.

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