Eduardo Bolsonaro articula sanções dos EUA contra Moraes e Gonet
Deputado licenciado intensifica articulações em Washington para tentar sanções do governo americano contra Moraes e Gonet

Na véspera de enfrentar o chamado tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros imposto pelo governo Trump, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro tem dedicado sua agenda em Washington a reforçar a pressão junto às autoridades americanas. O foco? Buscar sanções contra o ministro do STF Alexandre de Moraes e o procurador-geral da República, Paulo Gonet — uma estratégia que se apoia na chamada Lei Magnitsky, mecanismo que permite aos EUA aplicar restrições a lançadores de violações de direitos humanos. A expectativa do entorno de Eduardo é que os alvos sejam sancionados até agosto, conforme ele próprio já declarou.
A frase‑chave aparece logo na introdução e se repete ao longo do texto com consistência. É significativo que o deputado ligue a revisão das medidas tarifárias — ou mesmo uma anistia ampla aos investigados — à implementação das sanções. Mas até agora, o governo brasileiro deixou claro que questões como processos judiciais não estão disponíveis para negociação em pactos comerciais.
Distribuído em encontros no Departamento de Estado, incluindo reuniões com congressistas e avaliação de cartas enviadas a membros do Executivo dos EUA, o lobby de Eduardo Bolsonaro por sanções expande o alcance de sua atuação política além do país. O deputado argumenta que apenas o pacote tarifário não seria suficiente para reverter o rumo dos processos judiciais contra seu pai, o ex‑presidente Jair Bolsonaro, e por isso busca o respaldo norte‑americano.
Paralelamente, no Brasil, a Procuradoria‑Geral da República já reagiu, convocando o Supremo a abrir inquérito por tentativa de coação, pressionamento e interferência no Judiciário. Para a PGR, essa articulação pode constituir crime, pois visa intimidar autoridades envolvidas no inquérito das fake news e no julgamento do chamado “núcleo central” da trama golpista.
Por sua vez, parlamentares da oposição denunciam a iniciativa como um “ataque institucional” e ameaça à imunidade parlamentar. Já a base governista vê riscos de rompimento institucional e aponta possíveis consequências negativas para a relação diplomática entre Brasil e EUA.
Com o escalonamento das tensões — do lobby por sanções ao tarifão de Trump e à resposta diplomática do governo brasileiro —, o caso ganha contornos de crise política e econômica. No plano judicial, a fase final do julgamento do caso contra Bolsonaro pode ocorrer ainda em setembro, enquanto o tabuleiro do lobby internacional se movimenta de maneira inédita.