Procuradoria identifica inconsistências e aponta tentativa de justificar ausência durante o ataque aos Três Poderes

A Procuradoria‑Geral da República identificou indícios de falsificação no bilhete aéreo apresentado pela defesa de Anderson Torres para justificar sua viagem aos EUA em novembro de 2022. O documento foi anexado aos autos apenas por meio de um print de tela, sem comprovação de compra, bilhete eletrônico ou código de reserva válido.

Em consulta oficial à companhia aérea, a PGR constatou que o localizador fornecido (“MYIDST”) não corresponde a nenhuma reserva em nome de Torres, nem ao trecho Brasília‑Orlando (G3‑9460) mencionado. Tal divergência derruba a narrativa de que a viagem teria sido planejada antes dos atos violentos de 8 de janeiro de 2023.

A investigação aponta que a ausência de registro válido enfraquece a versão do ex‑secretário, que sustentava ter viajado para cumprir compromissos previamente agendados. Para a PGR, isso reforça a tese de omissão dolosa: a apresentação de um bilhete possivelmente falso indica má‑fé e a tentativa de enganar as autoridades sobre seu real paradeiro durante o ataque às sedes dos Três Poderes.

Além disso, a PGR destacou que não há evidências de comunicação formal da viagem às autoridades do Distrito Federal ou superiores hierárquicos, o que reforça a ideia de planejamento estratégico para afastamento intencional. Documentos adicionais, como registros de celulares, também indicam que o próprio ex‑secretário só informou seu substituto no dia 7 de janeiro, em uma postura que caracterizou “descaso e negligência”.

A manifestação faz parte das alegações finais da PGR no inquérito que investiga o chamado “núcleo crucial” da tentativa de golpe de Estado. Agora, o relator do caso no STF, ministro Alexandre de Moraes, deve abrir fase de resposta dos réus e, posteriormente, agendar o julgamento em plenário — etapa ainda sem data definida.

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