Redação

A Procuradoria‑Geral da República (PGR), por meio do procurador‑geral Paulo Gonet, reafirmou em suas alegações finais que o general da reserva e ex‑ministro Walter Braga Netto teria entregado uma quantia em dinheiro ao tenente‑coronel Mauro Cid, ex‑assessor de Jair Bolsonaro, acondicionada em uma sacola de vinho, durante encontro no Palácio da Alvorada. Segundo a PGR, a entrega teria ocorrido algumas semanas após uma solicitação de recursos para financiar manifestações favoráveis ao ex‑presidente.

Em acareação no Supremo Tribunal Federal, Cid reafirmou que recebeu o dinheiro em um pacote lacrado, com instruções para repassá-lo a integrantes do grupo das Forças Especiais envolvido nas ações golpistas. Ele afirmou que não abriu a sacola, estimando apenas o valor pela pesagem, e que posteriormente repassou o conteúdo a um colega militar.

Braga Netto, por sua vez, negou o repasse, alegando que a reunião com Cid foi apenas informal e não incluiu transferência de recursos. A PGR classificou a defesa do ex‑ministro como “inverossímil” e destacou que as divergências entre os relatos se tornam ainda mais questionáveis mediante evidências como passagens aéreas, hospedagens e ligações relacionadas às manifestações.

Gonet argumenta que a entrega do dinheiro em espécie — sem declaração de origem lícita e prevista em documento — reforça a tese de financiamento clandestino de atos antidemocráticos, como parte da trama investigada por tentativa de golpe. A Procuradoria aponta que, além de Braga Netto, outros envolvidos adotaram práticas semelhantes, alinhadas a uma estrutura criminosa armada voltada para subversão institucional.

O parecer da PGR será avaliado pelo relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, que deverá convocar fase de manifestações finais por parte da defesa. Em seguida, pode ser agendado o julgamento do processo em plenário, ainda sem data definida.