Redação

Com a imposição da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, cooperativas do Piauí tiveram 95 toneladas de mel encalhado no Porto do Pecém. A carga ficou suspensa mesmo antes da entrada em vigor da medida, após compradores norte-americanos cancelarem embarques — um impacto imediato e cruel para os pequenos produtores.

Cooperação suspensa, prejuízos à vista

A conclusão logística já estava feita: o mel saiu de Picos (PI), percorreu mais de 500 km até o Ceará e aguardava o navio. Mas os compradores, temendo o aumento de custos, abortaram o envio. A cooperação, construída com base em confiança e compromissos antigos, ruiu em questão de horas — e as cooperativas ficaram sem saída e sem venda.

Agronegócio sob ameaça

De acordo com estudo da FGV Agro, a sobretaxa pode provocar queda de até 75% nas exportações brasileiras de alimentos para os EUA — setor que, em 2024, trouxe R$ 12,1 bi em receitas. Carne, café, suco de laranja e açúcar serão diretamente atingidos, com riscos de impacto de 0,41% no PIB nacional. No caso do mel, o prejuízo atinge diretamente os pequenos empreendedores da região semiárida.

Politização do comércio

O episódio não é apenas econômico, é político. A tarifa foi anunciada como retaliação a decisões judiciais no Brasil. A medida — além de destruidora — revela o uso do comércio como instrumento de chantagem geopolítica que penaliza quem produz, mas não tem como responder no mesmo nível. Tratam-se vidas e trabalho sendo esmagados sob interesses externos.

Alternativas urgentes

O governo brasileiro já se mobiliza para recorrer à OMC e avalia aplicar reciprocidade econômica. Mas isso ainda não resolve o problema imediato: o mel continua no Porto, e as cooperativas precisam de soluções urgentes. Abrir novos mercados, agregar valor ao produto e acelerar acordos comerciais com países da Ásia e África são estratégias indispensáveis para evitar o colapso do setor.

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