Em carta pública marcada por contradições, Michelle Bolsonaro tenta se colocar como figura pacificadora, mas acusa Lula de vingança e desvia o foco da responsabilidade norte-americana sobre a taxação de 50% imposta ao Brasil.

Michelle culpa Lula por tarifa de Trump e tenta blindar Bolsonaro com discurso de “paz”

Michelle Bolsonaro resolveu reaparecer — não para explicar as joias sauditas ou a fuga do marido da cena política, mas para culpar Lula pela tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre produtos brasileiros. Em uma carta pública publicada nesta sexta-feira, a ex-primeira-dama mistura o tom de apelo emocional com ataques diretos e politicamente calculados, numa tentativa de blindar o clã Bolsonaro e responsabilizar o atual governo por uma medida abertamente hostil vinda da Casa Branca.

Logo de início, Michelle tenta se colocar como uma liderança conciliadora: “Faço esse apelo em nome da paz.” Mas o conteúdo da carta vai noutra direção — beligerante, enviesado e carregado de acusações infundadas. Acusa Lula de agir com “vingança pessoal” e de usar a presidência para “desfazer” tudo o que foi construído pelo governo anterior. Só que não há sequer menção à atuação de Trump, nem à lógica imperialista por trás da taxação imposta ao Brasil.

Uma “paz” que começa com ataques

Michelle culpa Lula por tarifa de Trump, mas ignora que a medida foi tomada unilateralmente pelos EUA, como parte de uma escalada de protecionismo e chantagem comercial. Em vez de criticar a agressão externa, ela escolhe mirar no presidente democraticamente eleito pelos brasileiros — numa narrativa que soa mais como continuação da campanha bolsonarista do que como apelo sincero por estabilidade.

A carta escancara o desespero da extrema-direita em recuperar terreno político. Incapazes de defender o indefensável — uma taxação brutal que prejudica diretamente o agronegócio que eles tanto defendem — os bolsonaristas agora culpam Lula até pelas decisões de um ex-presidente norte-americano que trata o Brasil como colônia.

Blindagem familiar e estratégia eleitoral

Ao afirmar que “Bolsonaro sempre buscou fortalecer as relações diplomáticas do Brasil com os Estados Unidos”, Michelle tenta reescrever a história. O que vimos, na prática, foi uma subserviência vergonhosa, marcada por trocas desequilibradas, alinhamento cego com Trump e uma política externa que sabotou os interesses nacionais em nome da ideologia.

A tentativa de Michelle de se colocar como “mãe”, “cristã” e “pacificadora” também atende a outro objetivo: projetar sua imagem como possível candidata nas próximas eleições. Mas o discurso revela suas limitações: ausência de crítica ao real agressor (Trump), silêncio sobre os prejuízos econômicos para o Brasil, e foco exclusivo em atacar Lula — tudo isso envolto em um suposto “clamor por paz”.

É o velho roteiro: culpar a vítima, proteger o algoz e vender o caos como legado

A carta expõe um vício da extrema-direita: transformar a realidade em guerra narrativa. Enquanto o Brasil busca reconstruir sua soberania e diversificar parcerias — especialmente com o BRICS —, o bolsonarismo insiste em manter o país acorrentado a uma relação de dependência e humilhação perante os EUA.

Michelle culpa Lula por tarifa de Trump, mas o que se vê é exatamente o contrário: um governo que tenta proteger a economia nacional frente a um ataque externo. O verdadeiro erro foi cometido por aqueles que abriram mão da soberania para bater continência à bandeira americana.

A paz que Michelle diz desejar não é possível sem verdade. E verdade, neste caso, é reconhecer que Trump declarou guerra econômica ao Brasil — e que o bolsonarismo ainda tenta vender isso como aliança.


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1 comentário em “Michelle culpa Lula por tarifa de Trump e pede “paz” enquanto ataca o presidente

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