Redação

A montanha de provas acumuladas contra Jair Bolsonaro está prestes a gerar sua primeira grande consequência penal. A Procuradoria-Geral da República concluiu as alegações finais no caso da famigerada minuta do golpe, e tudo indica que o próximo passo será o pedido formal de condenação do ex-presidente por tentativa de golpe de Estado.

É o ponto de virada. O bolsonarismo, antes blindado por seus próprios agentes no sistema, agora encara o peso da lei.

A minuta do golpe: prova material do crime

O documento encontrado na casa do ex-ministro Anderson Torres, que previa a decretação do estado de sítio e a anulação das eleições de 2022, foi descrito por especialistas como a bala de prata contra Bolsonaro. Não se trata apenas de retórica golpista — é prova material do plano.

Com base nisso, o inquérito que investiga os preparativos para o golpe avançou de forma consistente. A PGR colheu depoimentos, cruzou dados, analisou mensagens e chegou a uma conclusão inequívoca: houve tentativa de subversão da ordem constitucional.

Gonet sob pressão: a hora da verdade

Paulo Gonet, procurador-geral da República indicado por Lula, sabe que o momento exige firmeza. Não basta fazer discursos ou acenos simbólicos. A sociedade espera — e a democracia exige — que os golpistas sejam responsabilizados com todo o rigor da lei.

O pedido de condenação de Bolsonaro será um divisor de águas. Mostrará se a PGR está realmente disposta a romper com a era da impunidade presidencial ou se cederá à pressão política e midiática.

O Brasil não pode naturalizar o crime de golpe

É importante lembrar que Bolsonaro não foi um simples espectador dos eventos que culminaram em 8 de janeiro. Ele foi o mentor intelectual, moral e logístico de uma tentativa de ruptura.

Foi ele quem desacreditou o sistema eleitoral, quem pressionou comandantes militares, quem usou a estrutura do Estado para minar a confiança na democracia.

Se isso não for punido exemplarmente, o recado será claro: no Brasil, vale tudo — até tentar rasgar a Constituição.

A hora é grave. E o país precisa de justiça

O relatório final da PGR será histórico. E o julgamento de Bolsonaro precisa ser mais do que um rito jurídico — precisa ser um ato pedagógico nacional.

Não para vingar, mas para impedir que o ciclo golpista se repita. Para que as próximas gerações saibam que democracia não é mercadoria. E que quem atenta contra ela paga caro.

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