Mais da metade das emendas liberadas na última semana foi para o Centrão
Governo acelera repasses de emendas visando apoio político, mas movimento também revela captura orçamentária e risco de barganha em ano eleitoral

Em primeiro lugar, na última semana de junho — dias cruciais para a derrubada do decreto do IOF — o governo federal acelerou o empenho de emendas parlamentares, totalizando R$ 2,3 bilhões, o maior volume liberado no ano. Mais da metade dos recursos (53%) foi direcionada ao Centrão, com 59% dos valores efetivamente pagos.
O que realmente aconteceu
Até agora, o governo empenhou um total de R$ 3,13 bilhões em emendas em 2025, com 54% alocados ao Centrão — bloco que reúne PP, PSD, União Brasil, Republicanos e MDB. Desse total, cerca de R$ 940 milhões foram pagos — o que revela ritmo acelerado de liberação na reta final de junho.
Modo de pressão política
O movimento foi identificado como tático: em meio à derrota política com a derrubada dos decretos do IOF, o governo tentou anular o baque por meio da distribuição de emendas — moeda de barganha frequente em Brasília. O episódio evidencia uma estratégia de captura orçamentária e de cooptar apoio, enquanto o Centrão exerce seu poder.
Impactos e riscos
- Reforço de poder do Centrão: a prioridade nos repasses reforça sua capacidade de pressionar decisões políticas, inclusive a pauta tributária.
- Fragilidade da base: a distribuição desigual sugere que o governo precisa conter insatisfações para evitar outras derrotas no Parlamento.
- Ano eleitoral em foco: com 2026 se aproximando, esse tipo de pressão pode influenciar alianças e cronogramas orçamentários futuros.
Conclusão
A liberação massiva de emendas na última semana de junho expõe um pacto político implícito: os recursos públicos foram usados para selar apoio parlamentar. Em troca, o Parlamento mostrou que detém força para questionar decretos do Executivo — como no caso do IOF. A estratégia pode garantir curto prazo, mas abre caminho para interferências orçamentárias e desequilíbrios institucionais.
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