Combinando ufologia, misticismo nazista e anti‑establishment, a lenda de um comitê alienígena ganha nova vida no imaginário bolsonarista

Em primeiro lugar, a teoria do Majestic 12 (ou MJ‑12) ressurge no bojo da militância bolsonarista, servindo como narrativa para explicar supostos bastidores invisíveis que envolvem governos, alienígenas e interesses ocultos. A história convoca cientistas, militares e a ideia de um “governo sombra” sobre o Brasil — e o mundo.


Origem e estrutura da teoria

Em primeiro lugar, o MJ‑12 teria sido criado em 1947 por uma suposta ordem executiva do presidente americano Harry Truman, logo após o incidente de Roswell, nos EUA. O comitê incluiria 12 figuras proeminentes: autoridades militares e científicas — com a missão secreta de investigar e abafar informações sobre extraterrestres e tecnologia alienígena.


Desmascaramento e inconsistências

Por outro lado, o FBI declarou os documentos da MJ‑12 “completamente falsos” — falhas tipográficas, datas desconectadas e uso de assinatura fotocopiada de Truman denunciam fraude.Investigadores céticos, como Joe Nickell, apontam erros históricos e ausência de provas concretas.


A conexão recorrente com teorias extremistas

O MJ‑12 foi incorporado em narrativas conspiratórias mais amplas — como a Nova Ordem Mundial, Illuminati, e teorias sobre governo oculto e controle populacional. Hoje, a teoria une militância de direita, misticismo religioso, anti‑globalismo e ufologia radical.


Por que o bolsonarismo se interessa?

  • Explicação simplificada: oferece uma narrativa que justifica tudo o que é desconhecido — falência de instituições, pressões midiáticas, ataques contra o clã — e remete a um “inimigo invisível”.
  • Polarização reforçada: embala uma retórica de “nós contra eles”, em que qualquer questionamento ao discurso se converte em parte de um plano maior de dominação — por alienígenas, por tecnocratas, pela mídia global.
  • Apelo emocional: a ideia de romper com segredos ocultos cria identificação: seguidores se veem como “iluminados”, vendo o que os outros não veem.

O alcance cultural da lenda

Apesar de ser desacreditada, o MJ‑12 permeia cultura pop — como episódios de “Arquivo X”, livros sensacionalistas, documentários e fóruns antivacina. Passou a alimentar, no atual contexto político, uma nova forma de “anti‑ciência” e “anti-estado” disfarçada de “descobridor da verdade”.


Conclusão

A ressurreição do Majestic 12 no bolsonarismo entra na categoria das super‑teorias conspiratórias: confluem UFOs, suposto anticolonialismo, oposição aos “globalistas” e desconfiança de instituições. Mais do que delírio narrativo, é uma estratégia retórica para conquistar corações e mentes pela canalização do medo ao imaginário fantástico. Mas, sem evidências palpáveis, o MJ‑12 continua — e deve continuar — na zona nebulosa entre mito e ilusão.


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1 comentário em “Majestic 12: a mega teoria da conspiração que embala bolsonaristas

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