Putin anuncia corte de gastos militares a partir do próximo ano
Rússia pretende reduzir orçamento de defesa enquanto OTAN planeja aumento de 5% do PIB

Durante coletiva em Minsk, o presidente Vladimir Putin declarou que a Rússia pretende reduzir os gastos militares a partir do próximo ano, estendendo essa tendência ao longo de um plano plurianual de três anos. A decisão ocorre em contraste direto com a estratégia da OTAN, que vislumbra elevar o investimento militar para 5% do PIB nas próximas décadas.
1. Contexto econômico e orçamento
Em 2025, a Rússia destinou 6,3% do PIB às despesas com a defesa — seu maior patamar desde a Guerra Fria. Esse volume representou cerca de 32% do orçamento federal. O movimento de redução pretende aliviar pressões inflacionárias e adequar os gastos ao desempenho econômico mais frágil, afetado por queda na receita de energia e aumento de juros.
2. Reação ao reforço da OTAN
Putin criticou diretamente o anúncio dos países da OTAN, chamando-o de “compra de material para o complexo militar-industrial estadunidense”. Ele comentou que, enquanto a aliança promove aumento de gastos, a Rússia opta por contenção fiscal — reforçando a narrativa de defesa, não de agressão.
3. Plano 2026–2028
Embora as metas de corte ainda não estejam formalizadas entre o Ministério da Defesa e a Economia, o cronograma prevê redução gradual de despesas militares até 2028. Analistas advertem, no entanto, que, mesmo com cortes, o orçamento segue em níveis historicamente altos.
4. Por que isso é relevante
- Ajuste econômico estratégico: diminuição dos gastos visa conter inflação e déficit — previstos para 1,7% do PIB este ano — e evitar uso contínuo de reservas fiscais.
- Ambiguidade estratégica: a Rússia sinaliza moderação orçamentária, mas mantém capacidade militar elevada.
- Impacto geopolítico: o corte pode ser visto como reação às sanções e à pressão ocidental, e também como tentativa de reduzir o conflito econômico sem abrir mão da postura no conflito da Ucrânia.