Cid denuncia pressão de advogados de Bolsonaro sobre sua família para impedir delação
O tenente-coronel Mauro Cid informou à Polícia Federal que advogados ligados a Jair Bolsonaro buscaram contato com sua esposa, mãe e filha menor, com o objetivo de enfraquecer sua delação premiada e proteger o ex-presidente.

Pressão direta à família Cid
Em depoimento à Polícia Federal, Mauro Cid afirmou que os advogados Fábio Wajngarten e Paulo Cunha Bueno, além de Luiz Eduardo Kuntz, procuraram sua esposa, mãe e filha de 14 anos para persuadi-lo a substituir sua equipe jurídica — o que, segundo ele, visava interromper o acordo de delação premiada e impedir o avanço das investigações sobre o plano golpista.
Alvo: a filha menor
Cid apresentou conversas via WhatsApp e Instagram entre setembro de 2023 e início de 2024, nas quais Kuntz teria usado o interesse da adolescente por hipismo para estabelecer proximidade. O objetivo, descreveu ele, era “obstruir as investigações aproveitando-se da inocência” da filha, o que caracterizaria crime de obstrução de justiça.
Ação judicial do STF
Atendendo aos relatos, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a PF interrogasse, no prazo de cinco dias, os três advogados acusados. A medida busca apurar se houve prática de obstrução das investigações mediante pressão à família de Cid.
Defesa questiona acusações
Wajngarten, em nota, criticou o que chamou de “criminalização da advocacia”, afirmando que suas conversas com os familiares tinham como finalidade questionar a voluntariedade da delação, e que só se manifestaria após ter acesso aos autos do processo.
Potenciais implicações jurídicas
Se comprovada, a pressão familiar configuraria obstrução de justiça — crime tipificado na Lei de Organização Criminosa. O caso fortalece a investigação da Operação Contragolpe, que apura tentativas de golpe envolvendo Bolsonaro, generais e outros militares; o desfecho pode influenciar diretamente o destino dos acordos de colaboração.
O que observar
- Depoimento dos advogados e possíveis desdobramentos na esfera penal.
- Encaminhamentos no STF relativos à Operação Contragolpe.
- A possível abertura de processo ético-disciplinar na OAB contra os envolvidos.
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