PF encontra PowerPoint no celular de auxiliar de Braga Netto com plano para pressionar Congresso e STF no 7 de setembro
Mensagens interceptadas dos celulares de Braga Netto e do coronel Flávio Peregrino revelam planejamento estratégico para usar o Dia da Independência como instrumento de pressão institucional contra o Congresso Nacional e o STF.

A Polícia Federal identificou em celulares de Walter Braga Netto e do coronel Flávio Peregrino apresentações em PowerPoint que indicam o planejamento do governo de Jair Bolsonaro para transformar o 7 de setembro — data temática da Independência — em instrumento de pressão política contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.
O plano revelado
Os documentos descrevem uma estratégia de imagem pública dividida em dois recortes: mídia tradicional reforçaria a harmonia e normalidade, enquanto canais bolsonaristas mostrariam apoio irrestrito das Forças Armadas, apresentando o presidente como figura central da “segunda independência”. A data seria usada como “ponto de decisão e de inflexão” para o governo.
Cenários previstos
O segundo PowerPoint traça três possíveis rotas pós-manifestações:
- Recuo estratégico sem desmobilização;
- Reação da oposição levando a restrições;
- Implementação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), inclusive com risco de confrontos entre polícia militar e Exército em capitais.
Havia intenção clara de preparar o aparato para possíveis distúrbios a partir do uso da GLO.
Contexto e histórico
Os slides revelam plano antecipado para simular apoio militar e constranger o Judiciário e o Legislativo. Em setembro de 2021 houve presença de bolsonaristas, que chegaram a invadir áreas nas proximidades do STF, após ameaças públicas de Bolsonaro de não cumprir decisões judiciais — episódio que terminou com carta conciliatória intermediada por Michel Temer, mas com Braga Netto ironizando: “podemos virar a mesa”.
Perguntas para refletir
- Planejar o uso simbólico do 7 de setembro configura intimidação institucional?
- A presença da GLO como resposta definida demonstra risco à ordem democrática?
- A estratégia foi oficial ou orquestrada por aliados do governo?
Conclusão
O documento apreendido põe em evidência que o 7 de setembro foi reconhecido como ferramenta política de pressão institucional — prevendo uso de aparato militar e canais paralelos de mensagem. A PF agora busca atribuição de responsabilidade jurídica a Braga Netto, Peregrino e eventuais envolvidos na elaboração do plano.