Defesa de Mauro Cid pede ao STF extinção da pena por participação na trama golpista
Advogados tentam livrar o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro de punição, alegando “colaboração efetiva” com a Justiça

A defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, entrou com pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para extinguir a pena imposta ao militar por participação na trama golpista que tentou derrubar o governo democraticamente eleito.
Os advogados de Cid alegam que ele colaborou de forma “efetiva e voluntária” com as investigações, fornecendo informações e provas que ajudaram a desmantelar o núcleo civil e militar envolvido no golpe frustrado de 8 de janeiro. Segundo a petição, essa colaboração deveria garantir ao réu o direito à extinção total da pena — argumento que especialistas classificam como tentativa de manobra jurídica para blindar o ex-assessor e, por tabela, reduzir a responsabilidade de Jair Bolsonaro.
O pedido foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos que apuram a trama golpista. Fontes próximas ao STF afirmam que Moraes deve analisar com cautela a solicitação, já que parte das revelações feitas por Cid ainda está sob sigilo e novas linhas de investigação continuam em andamento.
Nos bastidores, o gesto da defesa é interpretado como um movimento coordenado para enfraquecer o processo e reabilitar a imagem de Bolsonaro, que segue pressionado por múltiplas ações judiciais. Ao pedir o perdão judicial de Cid, o grupo tenta construir a tese de que o ex-ajudante foi apenas “executor de ordens”, tentando deslocar a culpa para subordinados de menor escalão.
Para juristas e parlamentares progressistas, o caso é emblemático: quem tentou destruir a democracia agora quer sair ileso, invocando colaboração apenas depois de ter sido desmascarado. “Não há arrependimento genuíno quando a confissão vem após a derrota do golpe”, disse um senador do campo democrático.
Enquanto isso, as investigações sobre a estrutura golpista seguem avançando. A expectativa é de que o STF mantenha o rigor e não ceda às pressões políticas que buscam reescrever a história recente do país.
