Ministro da Secretaria-Geral da Presidência recebe a missão de impulsionar a pauta por direitos trabalhistas e levar o governo para a rua

O deputado licenciado Guilherme Boulos (PSOL-SP) foi anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como novo ministro da Secretaria‑Geral da Presidência da República. O nome escolhido pelo Palácio do Planalto assume promessa de ação decidida: colocar o governo “na rua”, retomar ligação direta com os trabalhadores — em especial os de aplicativos — e abraçar como bandeira central a extinção da tão debatida escala 6×1.

Boulos chega ao cargo com três missões estratégicas. Primeiro: resgatar a presença popular do governo junto a setores que ficaram distantes. Segundo: promover a regulamentação dos trabalhadores de aplicativos, garantindo salário mínimo, seguro obrigatório e transparência no uso de algoritmos — mantendo, no entanto, a flexibilidade da atividade. Terceiro: fazer da escala 6×1 uma causa nacional, transformando o debate legislativo em instrumento de mobilização popular e fortalecimento da base aliada.

A escala 6×1 — sistema de trabalho em que o empregado trabalha seis dias seguidos e descansa apenas um — ganhou impulso emergente a partir da mobilização dos trabalhadores nas redes sociais. Apoiando-se em uma PEC da deputada Erika Hilton (PSOL-SP) que tramita no Câmara dos Deputados, o governo pretende não só aprová-la, mas torná-la símbolo de um Brasil onde o trabalhador não seja mero engrenagem de exploração burguesa.

Os desafios, porém, são reais. Fontes internas avaliam que o perfil “radical de esquerda” de Boulos pode gerar resistência em alas mais moderadas da coalizão governista. Além disso, reverter a lógica de trabalho vigente exige articulação intensa com sindicatos, movimentos sociais e parlamentares de diversos espectros.

Para o governo, a aposta é clara: dar aos trabalhadores voz e visibilidade, estruturar a mobilização social e transformar pautas históricas de luta em políticas concretas — contra o modelo vassalocrata e em favor da soberania do Sul Global. Com Boulos na linha de frente, o desafio é grande, mas “ficar na retórica” já não é mais o suficiente.

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