Pausa de anos no processo de licenciamento da bacia travou início da perfuração e gerou prejuízo bilionário para o Brasil

O processo de licenciamento ambiental para exploração petrolífera na área da Margem Equatorial, aberta para a Petrobras em bloco identificado como FZA-M-059, sofreu uma demora que “cobrou um preço altíssimo” da empresa estatal. A licença só foi concedida no limite do prazo, quando já havia risco de perder a sonda de perfuração contratada.

De acordo com levantamento divulgado em outubro de 2025, a Petrobras acumulou mais de R$ 1 bilhão em gastos desde 2022 em preparação da área: cerca de R$ 543 milhões com aluguel da sonda NS-42, R$ 327 milhões com embarcações de apoio e R$ 142 milhões com serviços de aviação. A estimativa da estatal para perfuração do primeiro poço (chamado Morpho) era de R$ 800 milhões — valor já superado só pela espera.

Os cálculos apontam que o atraso poderá resultar em perdas de lucro líquido da ordem de R$ 12 bilhões, considerando 200 mil barris por dia em projeto padrão de águas profundas. Se dois FPSOs fossem instalados, o impacto sobe para R$ 25 bilhões em oportunidade perdida, além de R$ 3 a R$ 4 bilhões em impostos e royalties não arrecadados.

O Ibama, responsável pela liberação, defende que a espera decorreu de exigências robustas — como simulado de emergência com 400 pessoas, novas embarcações de resposta e centro de reabilitação da fauna. Mas o custo da espera foi todo arcado pela Petrobras.

Enquanto países vizinhos como a Guiana e o Suriname avançam com projetos semelhantes, o Brasil perde terreno — não por falta de petróleo, mas por morosidade burocrática.

Para o país que busca soberania, desenvolvimento industrial e empregos, o episódio revela: o atraso técnico não só retarda produção, como entrega ao mercado exterior o protagonismo que deveria ser nosso.

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