Tarcísio busca negociação com EUA e irrita o clã BolsonaroGovernador de São Paulo abre diálogo técnico com a embaixada americana para minimizar impacto das tarifas de Trump, enquanto Eduardo Bolsonaro acusa “traição” e clã reage com hostilidade

Nesta sexta-feira, 11 de julho, uma cena aparentemente burocrática reacendeu o conflito dentro da direita brasileira: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, reuniu-se com Gabriel Escobar, o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil. A pauta oficial era técnica — tarifas impostas por Donald Trump sobre produtos brasileiros — mas o impacto político foi imediato e explosivo.

O clã Bolsonaro não gostou nem um pouco. E fez questão de deixar isso claro.

O “crime” de Tarcísio: agir como gestor e não como soldado

Para Eduardo Bolsonaro e outros aliados do ex-presidente, a iniciativa de Tarcísio é mais do que inoportuna: é traição. Segundo avaliação interna do grupo, ao buscar uma solução diplomática e institucional com os EUA, o governador paulista esvazia a estratégia bolsonarista de atrelar a retirada das tarifas a uma anistia ampla para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro — incluindo Jair Bolsonaro.

Ou seja: para a tropa de choque bolsonarista, não se trata de proteger a indústria ou o agro. Trata-se de usar o tarifaço como instrumento de chantagem política.

E Tarcísio, ao agir como gestor, estaria “atrapalhando o plano”.

“Aproveitador” e “isentão”: os ataques do núcleo bolsonarista

Nos bastidores, aliados de Bolsonaro classificaram o gesto de Tarcísio como o de um “aproveitador”. Para eles, o governador tenta capitalizar politicamente sobre a crise, aparecer como “estadista” e se projetar para 2026 — sem se comprometer com a pauta da extrema-direita.

A crítica é dura e direta: Tarcísio nunca se reuniu com autoridades americanas para defender os presos dos atos golpistas, mas agora corre para defender empresários e exportadores.

E, para um grupo que vê esses presos como “patriotas injustiçados”, isso é imperdoável.

Eduardo Bolsonaro reage: “acordo caracu”

Pouco depois da publicação de Tarcísio nas redes, relatando a reunião com Escobar e defendendo uma solução baseada em “dados e argumentos consolidados”, Eduardo Bolsonaro disparou sua própria mensagem:

“Qualquer tentativa de acordo sem um primeiro passo do regime em direção a uma democracia será interpretado como mais um acordo caracu.”

Sem citar nomes, o recado foi lido por todos como um míssil direto contra Tarcísio. E mais: sinaliza que o clã não pretende ceder sua estratégia de confronto em troca de soluções diplomáticas.

A direita racha, e o Brasil segue na mira do tarifaço

A crise interna revela mais do que um conflito de vaidades: mostra o racha definitivo entre o bolsonarismo radical e a ala que tenta se viabilizar eleitoralmente sem romper com o sistema institucional.

Tarcísio, que foi ministro de Bolsonaro, hoje age como um gestor tecnocrático que quer manter pontes com o exterior. Já o clã Bolsonaro quer manter o país sob chantagem permanente — seja via tarifa, seja via ameaça golpista.

Enquanto isso, o Brasil sofre com as consequências da guerra comercial iniciada por Trump — e alimentada por quem prefere o caos à reconstrução.


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