Motta sonda Nikolas Ferreira para relatar CPI do INSS e pressionar governo
Presidente da Câmara busca perfil bolsonarista para a comissão, em reação à retórica “nós contra eles” e em busca de trégua política
Em primeiro lugar, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos–PB), estuda indicar o deputado Nikolas Ferreira (PL–MG) para relatar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre as fraudes do INSS. A movimentação política ocorre após um recrudescimento da tensão entre Congresso e Planalto, intensificado pelo discurso de “nós contra eles” adotado durante a derrota do decreto do IOF.
Motivações de Hugo Motta
Motta recuou de uma escolha típica do Centrão e agora mira um nome da base bolsonarista — caso o governo não enviasse sinais de arrependimento pela retórica conflituosa. A estratégia é clara: escolher um relator combativo e midiático para inflamar a crise fiscal e fortalecer a negociação política com o Executivo.
Perfil de Nikolas Ferreira
Nikolas se destaca pela presença digital e discurso agressivo. Um de seus vídeos, crítico às propostas de fiscalização tributária do ministro Haddad, já alcançou mais de 300 milhões de visualizações, contribuindo para uma onda de desgaste contra o governo. A movimentação de Motta sinaliza que ele valoriza impacto midiático no comando da CPI.
Perigos da estratégia
- Escalada política: a escolha de um nome polarizador como relator pode agravar ainda mais as tensões institucionais.
- Pauta partidária: avaliação política da CPI pode se sobrepor à investigação técnica, transformando-a em instrumento de pressão do Centrão.
- Ano eleitoral: posicionar um bolsonarista no posto reforça a coesão da oposição e alinha a comissão à disputa de narrativas rumo a 2026.
Conclusão
A avaliação de Nikolas Ferreira como possível relator mostra que Hugo Motta não apenas reage ao governo; ele reescreve o jogo político. A CPI do INSS, antes vista como resposta técnica aos escândalos de fraude, ganha textura de instrumento estratégico para contestar o Planalto — com consequências que podem reverberar durante todo o ano eleitoral.
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