Procuradores exigem consulta aos povos tradicionais e participação do Ibama antes da homologação dos blocos exploratórios.

O que está em jogo

O Ministério Público Federal no Pará protocolou nesta terça-feira (24/06/2025) um pedido imediato para suspender as fases finais do leilão da 5ª Oferta Permanente de Concessão (OPC) da ANP, focando na Margem Equatorial. Segundo o MPF, antes de avançar, é imprescindível:

  • Realizar Consulta Prévia, Livre e Informada (CPLI) com povos e comunidades tradicionais da região.
  • Incluir o Ibama no processo decisório e no licenciamento ambiental.
  • Concluir os estudos de impacto ambiental e climático.
  • Suspender processo de licenciamento dos blocos já arrematados e evitar novas ofertas na Margem Equatorial até decisão judicial definitiva.

O leilão, ocorrido em 17 de junho, arrematou 19 dos 47 blocos disponíveis por grandes petroleiras (como Petrobras, ExxonMobil, Chevron e CNPC), somando R$ 844 milhões em bônus de assinatura e cerca de R$ 989,2 milhões arrecadados no total.


Por que isso é urgente?

A Margem Equatorial abrange áreas sensíveis nos estados do Pará, Amapá, Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte — locais que abrigam populações tradicionais que não foram consultadas previamente. Para o MPF, avançar com exploração sem estudos adequados fere direitos fundamentais e compromete os compromissos do Brasil com o Acordo de Paris.


Próximos passos definidos pelos procuradores

  1. Suspensão de atos administrativos que formalizem os resultados do leilão até que as condições legais sejam atendidas.
  2. Integração do Ibama no processo decisório, com participação durante licenciamento e definição de critérios.
  3. Impedimento de novos blocos na Margem Equatorial até que a ação civil pública em curso seja julgada.
  4. Criação de estudos de impacto e consulta às comunidades tradicionais em caráter prévio ao leilão.

O pedido de suspensão foi protocolado antes da homologação oficial, prevista para 1º de setembro, e contrasta com o pedido inicial de junho, que só interrompeu o leilão preventivamente, sem barra à execução futura.


Implicações políticas e ambientais

  • Pressão ambiental: o avanço sem consulta fragiliza a governança dos biomas e provoca críticas de movimentos socioambientais.
  • Insegurança jurídica: o cancelamento ou suspensão do leilão pode assustar investidores internacionais, afetando a atratividade do setor.
  • Alinhamento internacional frágil: omitir etapas de participação social e análise climática compromete compromissos globais e infrações às leis nacionais.
  • Litígios prolongados: a inclusão do Ibama pode significar longos atrasos por revisões técnicas e exigências adicionais.

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