Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro volta a depor em apuração que mira militares e aliados do ex-presidente por articulações golpistas

Na segunda‑feira (14 de julho de 2025), o ex-ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro, tenente‑coronel Mauro Cid, prestou novo depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nas três ações penais que apuram a tentativa de golpe de Estado, conhecidas como trama golpista. O depoimento está inserido na fase de instrução, em que acusação e defesa apresentam suas provas e testemunhas.

A sessão, conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, marcou também o início das oitivas de testemunhas indicadas pela Procuradoria‑Geral da República (PGR) e pelos réus dos núcleos 2, 3 e 4. O cronograma do STF prevê audiências até 23 de julho, divididas por núcleo e conduzidas por videoconferência, com possibilidade de acompanhamento presencial da imprensa.

Cid já havia sido ouvido anteriormente em junho, no âmbito do “núcleo 1”, que envolve diretamente Bolsonaro. Agora, volta ao tribunal para revelar detalhes sobre o funcionamento das frentes investigadas:

  • Núcleo 2 (gerenciamento de ações): inclui ex‑integrantes da Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal e Exército, acusados de planejar operações para restringir a mobilidade de eleitores no segundo turno de 2022.
  • Núcleo 3 (ações coercitivas): composto por militares e civis suspeitos de organizar grupo armado visando executar atentados contra autoridades.
  • Núcleo 4 (desinformação e ataque à democracia): alvo de acusação por disseminação de conteúdo inverídico e pressão sobre instituições democráticas.

O depoimento de Mauro Cid assume centralidade, pois ele aportou informações relevantes sobre o envolvimento de Bolsonaro e de ex-ministros na pressão para produzir documentos técnico-políticos criticando urnas eletrônicas, além de apontar a participação de militares da ativa e reserva no embasamento do golpe. Também confirmou tentativas de financiamento de operações golpistas com dinheiro vivo – como a entrega de recurso em caixa de vinho – e relatou a presença de um suposto grupo armado conhecido como “kids pretos”.

A instrução dessas ações penais ocorre de forma estruturada e será concluída com as alegações finais de acusação e defesa, após o que a corte decidirá sobre eventuais condenações ou absolvições.

VEJA MAIS
Pesquisa interna do PL mostra crescimento de Lula entre eleitores próximos a Bolsonaro
Janones denuncia agressão física e importunação sexual por deputados do PL

Compartilhe:

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.