Lula enfrenta pressão intensa para romper relações com Israel
Movimentos populares, artistas, setores do PT e partidos de esquerda pressionam o presidente Lula a cortar laços diplomáticos, comerciais, militares e energéticos com Israel em resposta aos bombardeios em Gaza.

O governo do presidente Lula enfrenta forte pressão de diferentes frentes — movimentos sociais, artistas, parlamentares e lideranças do PT — para romper integralmente as relações com Israel. Os pedidos incluem sanções militares, energéticas e comércio cancelado, motivados pela intensidade dos ataques em Gaza, oficialmente classificados por Lula como “genocídio”.
1. Mobilização nas ruas e entre artistas
Em 15 de junho, cerca de 30 mil manifestantes saíram às ruas de São Paulo, em ato convocado pela Marcha Global por Gaza, sob gritos de “Governo Lula, rompa com Israel já”. O MST, a Fepal e caravanas locais cobraram uma atitude radical do governo. No Espírito Santo, parlamentares lançaram cartazes pedindo fim de todo tipo de relacionamento entre os países.
Artistas como Chico Buarque, Wagner Moura e Letícia Sabatella endossaram documento do BDS que pedia o rompimento completo de laços comerciais, diplomáticos, militares, energéticos e tecnológicos com Israel.
2. Pressão interna no PT
Dentro do próprio PT, a recomendação é clara: parlamentares, como Rui Falcão, Samia Bomfim e Fernanda Melchionna, elaboraram carta apoiada por cinco presidenciáveis do partido. Eles exigem ações concretas — não apenas críticas — destacando que “não podemos ficar do lado errado da história”.
3. O que Lula já vem fazendo
O presidente condenou as ações israelenses, rotulando-as como “campanha de extermínio” e comparando-as ao Holocausto. Como consequência, rompeu a prática de entregar títulos públicos — como o Dia da Amizade Brasil‑Israel — e repatriou seu embaixador. Também suspendeu licitações militares com empresas israelenses, mas ainda mantém canal diplomático aberto.
4. Dilemas da ruptura
Manter a relação intacta fortalece laços estratégicos iniciados em 1949 — abrangendo cooperação em tecnologia, defesa, energia e até ajuda humanitária (como no desastre de Brumadinho). A ruptura completa, no entanto, pode fragilizar a comunidade judaica brasileira, impactar a economia (comercio e tecnologia), e isolar o Brasil num cenário internacional.
Perguntas para refletir
- Romper relações significaria assumir posição humanitária ou açodamento diplomático?
- Aumentar sanções beneficia a causa palestina ou afasta o Brasil da média internacional?
- Como conciliar a pressão da base e da esquerda com o peso geopolítico de Israel?
Conclusão
A exigência de ruptura com Israel atravessa setores mobilizados e silenciosos. Lula tem adotado postura crítica, mas resistido ao corte total — equilibrando indignação pública e pragmatismo institucional. Resta saber até quando evitará a ruptura completa diante da escalada de vozes que clamam por sanção política e moral.