STF abre prazo para alegações finais da PGR, e ex-presidente pode ser julgado por tentativa de golpe ainda este ano

O cerco se fecha. O ministro Alexandre de Moraes abriu nesta semana o prazo para as alegações finais da Procuradoria-Geral da República (PGR) no processo contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. O gesto, discreto na forma, é explosivo em conteúdo: abre o caminho jurídico para que o julgamento aconteça ainda em 2025 — e pode marcar o primeiro grande réu da história republicana condenado por atacar a democracia.

Depois de mais de um ano de investigação intensa, com quebras de sigilo, apreensões, delações e áudios comprometendo todo o núcleo duro bolsonarista, o STF dá o passo que faltava: finalizar a fase de instrução e preparar o terreno para o plenário decidir se o ex-presidente conspirou — ou não — contra o regime democrático.

Spoiler: a montanha de provas não deixa margem para dúvidas.


Tentativa de golpe: não é narrativa, é evidência

É bom deixar claro para os desavisados — e para os cúmplices: não se trata mais de “narrativa” ou “perseguição política”. Trata-se de fatos documentados. Reuniões gravadas com militares, minuta de decreto para prender Moraes e rasgar a Constituição, articulação de fake news para desacreditar urnas, uso ilegal da estrutura de governo para fomentar atos golpistas… Tudo isso está provado nos autos.

Mais do que isso: delatores como Mauro Cid e Ailton Barros escancararam a existência de um plano concreto para impedir a posse de Lula em 2023 — com apoio armado, sabotagem institucional e uso de milícias digitais para criar o caos.

É golpe. Foi golpe. Tentaram dar golpe. E agora, finalmente, o país se aproxima da hora de dizer isso com todas as letras — em uma sentença judicial.


Julgamento de Bolsonaro: o momento mais delicado da Nova República

Se o STF condenar Bolsonaro por tentativa de golpe, o Brasil entra num novo ciclo da sua história democrática — em que presidente não pode tudo, e em que a Constituição não é peça decorativa. Mas o momento é delicado.

A extrema-direita já se articula para pressionar a PGR a pedir absolvição, jogar a decisão para o segundo semestre e criar clima de instabilidade social com discurso de mártir perseguido.

Mas Moraes conhece o jogo. E sabe que quanto mais o tempo passa, mais perigoso é manter um processo como esse aberto, sem resposta institucional firme.


Não basta julgar. É preciso condenar — e dar exemplo

O Brasil já viu o que acontece quando a impunidade abre caminho para a repetição dos erros. Se Bolsonaro não for condenado agora, estará sendo autorizado a tentar de novo — ele ou seus herdeiros.

A hora é grave. O STF deve ser firme. Não estamos falando de um político qualquer, mas de alguém que tentou sabotar as eleições, ameaçar a independência dos Poderes e instaurar um regime de exceção.

Se isso não é crime contra a democracia, nada mais é.


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