Audiência no Supremo revela risco de usurpação orçamentária por força do Parlamento

Na sexta-feira, 27 de junho de 2025, o Supremo Tribunal Federal realizou uma audiência pública liderada pelo ministro Flávio Dino para debater a constitucionalidade das emendas orçamentárias impositivas. Expositores afirmaram que esse modelo ameaça diretamente o sistema presidencialista garantido pela Constituição e fere a harmonia entre os Poderes.


O que são emendas impositivas

Criadas pela Emenda Constitucional 86/2015, essas emendas obrigam o Executivo a executar as despesas determinadas pelo Congresso, mesmo sem critérios técnicos claros. Com isso, o orçamento se torna refém de escolhas parlamentares, o que fere a lógica do presidencialismo.


Riscos ao presidencialismo

  • O ministro Flávio Dino destacou que a autonomia orçamentária do Legislativo reduz o presidente a executor de demandas parlamentares, enfraquecendo a separação de poderes.
  • Walfrido Warde, do PSOL, lembrou que o modelo oficial do presidencialismo foi reafirmado por plebiscito em 1993, e destacou que emendas impositivas vulneram esse arranjo constitucional.
  • Ingo Wolfgang Sarlet, da PUC‑RS, comparou o modelo brasileiro com sistemas presidenciais de outros 11 países da OCDE — onde o Legislativo não decide diretamente sobre prioridades orçamentárias.
  • Márcia Semer acrescentou que o mecanismo serve a interesses regionais e que se consolidou em momentos de fragilidade institucional.

Pressões fiscais em alta

O impacto orçamentário estimado chega a R$ 50 bilhões por ano apenas na esfera federal — valor que pode ultrapassar os R$ 100 bilhões quando se consideram Estados e municípios. Isso torna o orçamento extremamente rígido, sem espaço para ajustes estratégicos ou para cumprimento de metas fiscais.


Como restaurar o equilíbrio

  1. Exigir transparência total: critérios claros e monitoramento público dos recursos.
  2. Reafirmar o papel do Executivo como gestor do orçamento, limitando a intervenção parlamentar.
  3. Buscar soluções por meio de decisões judiciais ou reforma legislativa, conforme avaliação constitucional.

Por que isso importa a você

Quando o Congresso controla completamente o orçamento, políticas públicas e investimentos estratégicos ficam em segundo plano diante de interesses localistas. É a estabilidade do presidencialismo, e até mesmo da democracia, que está em risco.


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