Entre menos público e críticas internas, o ex-presidente coleciona sinais de desgaste político

Em primeiro lugar, o ato bolsonarista realizado no domingo, 29 de junho de 2025, na Avenida Paulista, reuniu cerca de 12,4 mil apoiadores — uma queda de 72% em comparação ao evento anterior, que levou quase 45 mil pessoas. Analistas associam essa retração não apenas a fatores de mobilização, mas também a declarações recentes de Jair Bolsonaro, que classificou adeptos do AI‑5 e intervenção militar como “malucos”.


As consequências das declarações

Em seu interrogatório no STF, o ex-presidente afirmou que certos “malucos” defendiam intervenção militar — termo que soou como repreensão aos grupos mais radicalizados. Márcio Moretto, do Monitor do Debate Político, destacou que essa atitude pode ter alienado parte da base, contribuindo para a queda brusca no comparecimento à Paulista.


Os números confirmam o esvaziamento

A análise por fotos aéreas e tecnologia de IA mostra uma redução drástica: dos quase 45 mil presentes em abril, caiu-se para pouco mais de 12 mil em junho — com margem de erro de 1,5 mil. Esse contraste indica um ato visivelmente “melancólico, antecipando os resultados do processo” em curso, como avaliou o analista .


Fatores logísticos não explicam tudo

Outros elementos foram mencionados pelos organizadores: antecedência da convocação, coincidência com jogos do Mundial de Clubes, início das férias escolares e fim de mês. Mas o mesmo analista pondera que “essas explicações simplificam demais” e que o tom crítico do ex-presidente teve efeito mais profundo .


Por que isso importa

  1. Autocensura da base radicalizada: o rótulo de “malucos” pode ter afastado quem aceita discurso mais radical.
  2. Teste de mobilização em 2026: o público menor indica fragilidade da máquina de atos políticos.
  3. Sinal de alerta para o bolsonarismo: se o discurso implode a mobilização, o risco é ver sua narrativa perder densidade.

Conclusão

Ao criticar seus apoiadores mais extremistas como “malucos”, Bolsonaro pode ter lançado um tiro no pé de sua própria militância. O esvaziamento do ato na Paulista, mesmo levando em conta fatores externos, revela uma base menos coesa e mais sensível ao tom de liderança. Se o objetivo era unificar, o efeito foi contrário: foi “melancólico” e um indicativo de que, para a retomada em 2026, é preciso outra estratégia — com coragem política, mas também com calibragem tática.


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