Em atos pouco movimentados, ex-presidente convocou base para eleger 50% do Congresso em 2026 e usar a Casa como forma de controle da Corte

Em 30 de junho de 2025, em eventos esvaziados na Pampulha (BH) e na Avenida Paulista (SP), o ex-presidente Jair Bolsonaro — inelegível até 2030 — pediu à sua base que busque eleger 50% da Câmara e do Senado em 2026, com o objetivo explícito de “mudar o destino do Brasil dentro das quatro linhas”, ou seja, usar o Legislativo para conter o STF.


O que ele disse

Bolsonaro apontou o Congresso como instrumento de controle ao Judiciário, questionando o uso frequente de ações do STF para anular medidas do Executivo, como no caso do decreto do IOF. O ex-presidente sugere enquadrar derrotas institucionais com força parlamentar renovada.


Contexto político-institucional

  • A derrubada do decreto do IOF, com 383 votos favoráveis na Câmara e apoio de partidos como MDB, PSD e União Brasil, simbolizou o poder legislativo sobre o governo.
  • As emendas parlamentares, saltando de R$ 10 bilhões em 2019 para R$ 50 bilhões em 2024, evidenciam a crescente autonomia dos congressistas, que agora cobram contrapartidas diretas pelo apoio ao Executivo.

Por que isso importa

  1. Estratégia de retaliação institucional: Bolsonaro antecipa que, sem mandato, a única forma de influência passará por votos e assentos no Legislativo – direcionados à neutralização do STF.
  2. Fortalecimento do Congresso: se sua proposta prosperar, a Corte enfrentará uma Câmara e um Senado dominados por uma oposição organizada, com poder para pautar ou barrar indicações e recursos.
  3. Fragilidade da governança: o movimento revela a dependência de coalizões com direções explícitas, o que pode escancarar o preço político de decisões-chave aprovadas pelo Executivo.

Conclusão

A convocação de Bolsonaro para eleger metade do Parlamento como forma de controle ao STF é um movimento calculado que articula poder eleitoral e institucional. Se bem sucedida, pode transformar o Congresso numa trincheira política poderosa. Se falhar, agrava a crise de liderança sem mandato, intensificando a disputa entre Poderes.


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1 comentário em “Inelegível, Bolsonaro mira o Congresso para “julgar” o STF

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