Advogados de Bolsonaro prestam depoimento à PF por suposta interferência na delação de Mauro Cid
Polícia Federal ouve defesa e ex-assessor suspeitos de pressionar a família do delator em tentativa de obstrução

Em primeiro lugar, nesta terça-feira, 1º de julho de 2025, a Polícia Federal ouviu o advogado de Jair Bolsonaro, Paulo Amador Cunha Bueno, e o ex-secretário Fábio Wajngarten, sob suspeita de tentativa de influenciar a delação premiada do tenente‑coronel Mauro Cid. A medida foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes dentro do inquérito que investiga possível obstrução de Justiça.
O contexto dos depoimentos
As oitivas ocorreram de forma simultânea em Brasília e São Paulo. O objetivo é apurar se os dois, junto a outros advogados, pressionaram membros da família de Cid — incluindo esposa, mãe e filha menor — para migrarem para uma defesa conjunta, que pudesse enfraquecer sua colaboração com a Justiça.
A acusação central
Relatos da família indicam que as abordagens começaram em 2023, com ligações constantes e insistentes. O advogado Eduardo Kuntz, também ouvido pela PF, apresentou mensagens trocadas entre um perfil no Instagram e Cid como suposta evidência. Segundo a investigação, o conteúdo foi usado como subsídio para questionar a validade da colaboração premiada.
O fundamento legal
O inquérito apura se houve crime de obstrução de investigação, conforme previsto no Código Penal. Moraes destacou que “as condutas narradas indicam, em tese, prática de obstrução” — e determinou que a PF apresente também um laudo técnico com dados extraídos do celular apreendido.
Motivações e riscos
- Proteção da delação: a pressão sobre familiares é vista como tentativa de fragilizar o acordo de Cid.
- Resposta jurídica firme: a ação simbólica tenta preservar a integridade do processo criminal.
- Risco para aliados: a expansão do inquérito pode alcançar outros nomes do entorno de Bolsonaro.
Conclusão
As oitivas de Paulo Cunha Bueno e Fábio Wajngarten representam um momento crítico na apuração: o Judiciário busca garantir que a delação de Mauro Cid se mantenha livre de interferências externas. Ao tratar o caso como tentativa de obstrução, o STF e a PF sinalizam que o jogo investigativo segue firme, enquanto a defesa de Bolsonaro encara pressão crescente.
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